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sexta-feira, 8 de novembro de 2013

[Estória] Mar dos fundos - Capítulo um

Era o aniversário de três milênios do guardião do mar dos fundos. 

Um guardião normal... Meio velho, enrugado, de barbas e cabelos brancos, sempre com um macacão jeans e aquela foice grande e assustadora na mão.

Ninguém comemorava o aniversário do guardião, apenas as crianças sentavam em meio círculo para ouvir as histórias sobre os monstros das profundezas do mar dos fundos e como nenhum deles jamais conseguiu passar vivo por ele e entrar na casa grande.

A casa grande era um lar, uma casa com vários cômodos e várias cores. Lá moravam aproximadamente 36 pessoas, alguns arquitetos, jornalistas, médicos, desempregados, etc; alguns jovens apaixonados e outros revoltados; algumas crianças levadas e outras mimadas e quietinhas.

Engraçado pensar que o que separava dois universos tão diferentes eram apenas um degrau com um velho sentado e um mar de águas escuras, águas escuras e criaturas ruins. Criaturas que trocariam as vidas dos seus para destruir a vida dos demais. 

Não passava das cinco da tarde quando as histórias acabaram e as crianças enjoaram de ficar sentadas e foram para o jardim. O guardião estava ali sozinho e pensativo, ninguém se atrevia a perguntar sobre o que ele pensava e se perguntassem, ficariam sem resposta.
Nem ele mesmo sabia direito sobre o que estava pensando. São três milênios ali parado, convivendo com pessoas que o amavam e que ele também amava. É tempo demais... É muito tempo.

Foram as últimas palavras que passaram por sua mente enquanto ele se distraia com uma linda borboleta azul que passava por ali. Ele a olhava sem realmente ver. “São muitos anos.”
_____     

Ninguém soube muito bem porque ele morreu de uma forma tão tola. Ele é atento dia e noite e uma borboleta o fez tirar os olhos do mar dos fundos e ficar vulnerável por alguns minutos. Tempo suficiente para que algo cortante saísse de dentro das águas escuras e o dividisse em dois...

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