É uma sensação de estar sendo comprimido. Imagine uma esponja encharcada d'água. Uma mão aperta a esponja. Aperta, aperta, aperta. É como se a água que escorre fossem as lágrimas. Mas diferente da esponja, as lágrimas não escorrem logo que o aperto começa. É como se a esponja tivesse uma certa "resistência" e o aperto fosse acontecendo aos poucos: cada dia um pouco. Uns dias mais, outros menos. Em alguns dias, a mão fica boazinha e resolve parar de apertar. Acho que é isso que segura as lágrimas. Essa "resistência" dessa esponja é a esperança de que um dia a mão pare de apertar de vez. Quando essa "resistência" se rompe, quando a pressão e o medo da pressão atingem o nível máximo, aí sim vem o manancial de lágrimas. A esponja fica leve.
Talvez, o que aperte a esponja e faça a pressão não seja a mão. Talvez seja a água que a encharca, essa água que só quer passar por ela mas que, como ela tem essa "resistência" não consegue. Talvez seja só isso: uma esponja que deve deixar a água escorrer, mas que, quer por apego, quer por esperança, insiste em querer manter águas que já deveriam estar passadas. A esponja cria essa resistência. A água não passa. Daí é simples: é só imaginar uma bexiga se enchendo d'água. Quando a pressão é muita, a bexiga estoura. A esponja abre mão da resistência.
Ou talvez seja a água que sofre com isso tudo. A água tem uma substância que, sabe-se lá porque cargas d'água (hehe) cria uma "resistência" por onde passa. É como se fosse uma cola. No fundo, a água só devia passar pela esponja e ir pra outra esponja. A água, com essa cola, cria essa "resistência" na esponja. Á água quer seguir em frente, mas a esponja (por causa da própria água) não deixa. Se imagine entalado num tobogã: é isso. Você entalado no tobogã é a água tentando sair da droga da esponja e ir pra outra. Quando você consegue, alívio...
Ou talvez você seja a mão. E a água. E a esponja. Talvez esteja na hora de brincar de outra coisa. Ir lavar pratos, talvez...
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