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terça-feira, 21 de maio de 2013

[Crítica Social] A vara ao invés do peixe


O Brasil é profundamente marcado pelo seu nível extremo de estratificação social, sendo a diferença entre as classes socias muito evidente na sociedade, no cotidiano e no dia-a-dia dos brasileiros. Talvez para tentar diminuir essa desigualdade, o governo atual tem investido em programas sociais que contemplam famílias de baixa renda, oferecendo-lhes benefícios, que podem vir em forma de dinheiro ou bens de consumo, que funcionam como auxílio às mesmas. Há, por exemplo, o Bolsa-Família, benefício concedido a famílias de acordo com sua renda mensal, número e idade dos filhos, seus subjacentes como o Bolsa-Escola, Auxílio-Gás, e outros que doam leite para complemento alimentar, como o programa Leite das Crianças, vigente no estado do Paraná.

Obviamente a facilidade de acesso ao mercado de trabalho não é a mesma para todos, geralmente sendo diminuída pela condição social e renda média das pessoas. O acesso ao emprego é uma ótima maneira de tornar as diferenças entre as classes econômicas um pouco menores, mas ironicamente, muitas famílias preferem obter o seu sustento destes programas fornecidos pelo governo.

Este post visa discutir sobre as ferramentas adotadas pelo poder público para promover a melhora na qualidade de vida das famílias carentes, assim como a mentalidade de tais famílias em relação às referidas ferramentas.



A maioria das pessoas contempladas encara os benefícios fornecidos pelo governo como um salário, ou algum tipo de remuneração periódica. Sendo assim, trabalhar seria um esforço em vão, já que se recebe apenas com um simples cadastro em um programa social, e não é preciso mover um dedo pra que o dinheiro ou o alimento esteja lá na hora que o seu usuário puder retirá-lo. O que se conclui é que a meta é sempre a facilidade, para ambos os lados. Para o governo também é muito fácil distribuir benefícios sob as formas já discutidas, já que os impostos são recebidos religiosamente, o que pode (teoricamente) sustentar tranquilamente o fluxo de dinheiro para estes programas. Não haveria nenhum problema com isso, se não existissem dois pequenos, mas significativos, problemas, denominados conformismo e comodismo.

A dificuldade de acesso ao mercado de trabalho é um problema grave, que é consequência de outros problemas e é a causa de outros. Depende-se muito da iniciativa privada para que o gargalo, a que os candidatos a empregos se submetem, se alargue, mas já existem muitos acordos de cooperação entre ela e o Estado, afim de facilitar a entrada de mão de obra. Entretanto, o que parece é que esse tipo de acordo não tem muita adesão, nem é tão encorajado. Uma possível explicação para isso seria o comodismo do Estado em relação ao conformismo da sociedade.

O valor do dinheiro é algo que só se consegue medir quando ele se transforma em consequência do seu trabalho. As pessoas devem ter acesso ao trabalho para construir sua vivência, sua personalidade, maximizar suas qualidades, compreender e minizar seus defeitos, mas principalmente entender o papel do dinheiro na sociedade. Estamos em uma situação onde sobra dinheiro, mas faltam empregados. Existe muita mão-de-obra que, se treinada, preparada e qualificada adequadamente, poderia contribuir em muito para o crescimento econômico do país, mas que não consegue ultrapassar o obstáculo imposto pelas diferenças sociais e acaba na maioria das vezes ficando no anonimato. Conceder benefícios, ao meu ver, atrapalha esse desenvolvimento e não permite que as vagas de emprego se expandam como deveriam. Quem vai querer trabalhar se consegue sobreviver com o que recebe do governo? Quem vai querer dar oportunidades de emprego a quem não quer emprego?

Será que não seria uma boa idéia, em vez de distribuir benefícios, melhorar o sistema educacional, preparando melhor o estudante para o mercado de trabalho e assim facilitando-lhe o acesso ao seu primeiro emprego? Em outras palavras, em vez de distribuir benefícios, "distribuir emprego" para que o contemplado obtenha ele mesmo o seu benefício. Dar a vara ao invés do peixe seria o fundamento. Isso seria benéfico e vantajoso de diversas maneiras: contribuiria para preencher a demanda de mão-de-obra, forçaria as pessoas a valorizarem tudo aquilo que adquirem, incentivaria o aparecimento de novas vagas, etc. Basta que a mentalidade das pessoas se volte a uma perspectiva favorável ao benefício mútuo, pois se as companhias contraram mais, contribuem para o crescimento do país, o que é um benefício coletivo, que atinge a todos os brasileiros. Estaremos assim mais próximos do tão almejado desenvolvimento econômico, e principalmente social.

O debate em relação às idéias aqui expostas é mais que encorajado. Usem a seção de comentários com sabedoria.

Um comentário:

  1. Perdoe a "crueza" do comentário, mas é assim que os governantes pensam:

    "Dar $500 é mais fácil que desperdiçar milhões em escola".

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