barra de navegação

sábado, 14 de setembro de 2013

[Reflexão] Mecanização humana



O ser humano surgiu nesse mundo com a incrível capacidade do raciocínio, raciocínio que nos permitiu transferir o esforço humano ao esforço mecânico, por meio de sofisticadas máquinas, máquinas essas que fazem parte do dia-a-dia, sendo responsáveis por tudo o que comemos, bebemos e usamos de maneira geral.

Os filmes de ficção científica, assim como estudiosos na área, propõe a idéia de que um dia, robôs substituirão qualquer força de origem humana, se tornando uma adição normal às vidas das pessoas.

Bem, na verdade já somos assim. Faz muito tempo que somos assim.

Nos tornamos mecânicos, assim como robôs, seguindo rotinas pré-programadas do nascimento, à procriação, até a morte. Nós mesmos alimentamos e mantemos funcionando um sistema de mecanização humana que controla nossas vidas, e exclui socialmente aqueles que não concordam com esse assim dito sistema.

Desde crianças somos educados a dar o nosso melhor nos estudos, muitas vezes abrindo mão das melhores fases de nossas vidas, em favor de uma vida tranquila e ausente de problemas no futuro. Bem, não é exatamente uma má maneira de educar uma criança que está aprendendo a dar seus primeiros passos em um mundo que se mantém de pé através de transações monetárias. O problema começa quando você abre mão de um valor, o valor humano, para ter pra si outro valor, o dinheiro.

Quantas vezes você já não viu estudantes afirmando que deixam o namoro de lado em favor dos estudos, deixam de se divertir pra poder dedicar maior tempo à preparação para o vestibular, deixam literalmente sua vida de lado pra ter uma vaga garantida na melhor universidade do país? A mídia é um excelente veículo dessa idéia, inclusive.

E é exatamente assim que a vida humana funciona. É algo normal, um conceito socialmente ideal, a abdicação à própria vida em favor de um futuro monetariamente estável, mas paremos pra pensar: o preço a pagar por isso, não seria ele alto demais pra uma vida tão curta? Vale mesmo a pena deixar de viver momentos importantes da sua vida só pra poder dizer "finalmente eu tenho uma vida boa", quando ela de fato não é uma vida boa?

Vejo grande parte das pessoas com quem convivo diariamente com esse sentimento retrógrado, que acham que construir a maior montanha de dinheiro possível é a meta mais importante da vida, humanos puramente mecânicos, que desde criança sempre foram educados a estudar feito loucos pra viver a vida inteira trabalhando só pra ter mais e mais dinheiro, desde cedo orientados a entrar em um sistema de competição cuja vitória é a única opção. Eu sei que isso é real porque faz parte do meu dia-a-dia.

Alguns dizem que esse sistema é a única salvação contra o capitalismo, mas não, dinheiro não faz ninguém feliz. Harmonia nas relações humanas faz, carinho faz, altruísmo faz, amor faz. Dinheiro só alimenta joguinhos de interesse imbecis, somente maximiza a discórdia entre os humanos, e nos atrapalha na maioria das oportunidades em que poderia ajudar.

Pessoas estão se tornando robôs sem sentimentos, sem vida, que seguem rotinas diárias, repetidamente, exaustivamente, para no fim das contas morrerem ricas, mas apenas ricas. E ser rico não é uma qualidade humana, não é algo que torne um humano melhor que o outro. Qualquer argumento que tente provar isso é falacioso.

Todos precisam de dinheiro para sobreviver em um mundo onde o dinheiro representa querer virando poder, mas ser humano nenhum pode se alimentar (o corpo, mas também a mente) somente de bens, somente de riquezas.

Após a Primeira Guerra Mundial, o Japão, que fazia parte das nações do Eixo e foi destruído por um ataque dos Estados Unidos, demorou anos e anos pra se reerguer. Durante os anos de reconstrução, física e moral, do país, muitos cidadãos japoneses detinham enormes quantidades de dinheiro, mas não havia nada para ser comprado, devido ao esforço tremendo feito pelo país (como a imigração, que trouxe muitos japoneses ao Brasil) para tentar se recuperar dessa que foi uma das mais devastadoras guerras vividas nesse mundo.

O dinheiro tem valor enquanto alguma coisa puder ser trocada por ele. Quando não existe o poder da troca, ter ou deixar de ter dinheiro não faz a mínima diferença. Já as relações humanas, regadas a amor, carinho, compaixão, altruísmo, essas são sensações que nunca morrem enquanto humanos trabalharem pelo bem comum, não apenas olhando pro próprio rabo visando benefício puramente individual.

O dinheiro e a ânsia por poder são os principais combustíveis desse fatídico sistema de mecanização humana, então, desde que estes sentimentos correm involuntariamente em nossas veias, transformar uma sociedade mecanizada em uma sociedade realmente viva é algo demasiado difícil, mas possível.

É possível, se você fizer assim:

Clique na tirinha para ampliar


Como sempre, comente e discuta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário