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terça-feira, 20 de agosto de 2013

[Crítica Social] Análise de um brasileiro padrão

Sendo o Brasil um país com características tão particulares, é bastante fácil encontrar padrões de comportamento e pensamento entre os brasileiros. Temos uma cultura muito distinta, única, nada parecida com as estrangeiras, que nos torna conhecidos onde quer que pisamos.

Isolando-nos de nossas características realmente positivas, pretendo, neste post, discutir o que considero negativo, prejudicial, no brasileiro. Vou expôr idéias, e tentar sustentá-las com teorias e fatos. Desde já peço que o leitor se sinta livre para questionar tudo o que ler aqui.

E que fique claro, nada do que está exposto aqui se aplica a todos os brasileiros, conforme o dito popular: toda generalização é burra. Novamente: argumente, questione, rebata.

Sem mais delongas, vamos lá.

O brasileiro não é patriota

Não poderia começar melhor, não? Um sério defeito, que nos acompanha desde o princípio, é a nossa falta de amor pela pátria. Somos uma nação emergente, dotada de recursos preciosos e com potencial para se desenvolver muito se quisermos, mas o povo parece não dar muito valor ao país que tem. Evidências disso são diversas: "Brasil é um país de merda, vou embora na primeira chance que tiver", "E no Brasil? Nunca!" (quando algo útil e benéfico acontece em outra região do planeta), hastear a bandeira ser símbolo de constrangimento, desconhecimento proposital do Hino Nacional, enfim, exemplos típicos da indiferença do povo em relação ao próprio país.

O povo brasileiro não é patriota, não nos momentos em que deveria ser. Porque sim, o brasileiro demonstra ser brasileiro, com muito orgulho, com muito amor, mas só quando algo de bom acontece para o país. No menor sinal de problema, seja corrupção, abuso de poder, qualquer coisa, a primeira atitude do brasileiro é fugir do problema, em vez pensar em maneiras de como corrigir o problema.

Isso não é ser patriota. Ser patriota significa lutar pelos interesses da sua pátria, não importa se as circunstâncias são boas ou ruins. Um povo patriota faz um país coeso e coerente, o que definitivamente não é o nosso caso.

Ainda precisamos aprender muito sobre como um povo pode transformar seu país, dependendo de como ele o enxerga.

O brasileiro tem ego frágil

Essa também é clássica. Quantas foram as vezes que eu vi um humorista estrangeiro fazendo piadas com o país, e sendo crucificado por uma legião de brasileiros tomados pelo ódio, não importanto o motivo ou teor da piada? Várias e várias vezes.

O mais interessante, é que as tais piadas, que tentam claramente "denegrir" a imagem do Brasil perante o mundo, sempre têm seus fundamentos, e apesar de serem exageradas, constantemente contam a verdade sob um certo ponto de vista.

Quando Robin Williams fez uma piada baseado na fama que o país tem como rota do narcotráfico, a mídia (de massa, independente, escrita, impressa, televisiva) se levantou de uma vez para expressar seu repúdio pela "infeliz" colocação do humorista.

Ora, toda piada, por mais "chula", ou "de mau gosto" que seja, tem um pé na verdade. A fragilidade de ego aqui discutida provavelmente se liga ao fato de que o povo tem consciência de tudo o que está errado, mas não gosta que outros reparem, ou mencionem isso. De outro modo, por que o povo reagiria desta maneira?

No mínimo incoerente.

O brasileiro é conformista

E como é. Acima, expressei que o povo tem consciência do que está errado. De fato nós temos, pergunte para 10 pessoas aleatórias o que elas acham que está errado com o Brasil, todas elas citarão as mesmas coisas. Mas o que fazemos com o que está errado? Devemos tentar corrigir, com a força que tivermos. Eu não vejo isso aqui.

Me parece que o brasileiro se adaptou de modo a conviver com, e não solucionar o problema. Exemplos são diversos, e podem ser divididos em duas categorias: primeira - a pessoa tem consciência que o ato é incorreto, mas pratica; segunda - a pessoa tem consciência de que o ato é incorreto, mas se abstém achando que o problema não é seu.

Um exemplo: um cliente, em uma fila, pede à atendente de caixa que corrija o valor de um item, por uma diferença de apenas alguns centavos, o que automaticamente provoca a ira dos clientes aguardando nos últimos lugares da fila, sabendo que o supermercado não pode embolsar dinheiro que o cliente não deve. Outro exemplo: uma pessoa se senta, sem ter o direito, no banco preferencial de um ônibus, as pessoas ao redor podem eventualmente questionar o ato, mas preferem geralmente se omitir e esperar que o bom senso da pessoa desperte. Raramente isso acontece.

Também é notável o pensamento da população sobre a corrupção, sobre o sucateamento da educação, da saúde. É unânime: tudo tem de melhorar. Mas onde está o movimento dessas pessoas que questionam a qualidade dos serviços públicos no Brasil? Elas são uma minoria que não tem expressão suficiente para serem ouvidas.

Isso para mim nada mais é do que conformismo, ou algum tipo sério de resistência a mudanças. Qualquer um dos dois significa retrocesso, não importa se estamos no escopo federal, ou continental.

O brasileiro é aproveitador

O brasileiro é conhecido no mundo por sempre dar um "jeitinho" para as coisas darem certo. Esse "jeitinho", mais conhecido como "jeitinho brasileiro", ou ainda Lei de Gerson, é um câncer que assola o território brasileiro e que atinge potencialmente qualquer cidadão que não saiba diferenciar lucro incondicional de honra.

Deixando as abstrações de lado, o povo brasileiro se aproveita de qualquer, qualquer, chance para de algum modo se beneficiar. Seja pagando menos impostos, seja deixando de pagar contas, seja obtendo produtos ou serviços sem consultar sua conta bancária, etc. São vários e vários casos que se encaixam aqui. Um dos mais clássicos é a omissão de itens na declaração de imposto de renda. Quanto maior o valor dos bens, mais impostos o cidadão paga, então o instinto aproveitador do brasileiro encontra aqui o seu substrato ideal para aflorar.

Também é famoso o troco dado a mais. A grana pode ser descontada do salário do vendedor por tal erro, mas o cliente não se importa muito com isso e sai com a graninha recebida a mais feliz da vida. Coisas assim acontecem diariamente. 


Infelizmente temos essa como uma das maiores características do brasileiro, e realmente já passou da hora disso acabar.

O brasileiro é folgado

Eu passei toda a minha vida escutando que trabalhar é pros fracos, e que só passa a vida inteira estudando quem não tem talento pros negócios. Eu nasci nos anos 80, mas é fácil notar essa mesma situação se repetindo nos tempos modernos: estudantes encaram o estudo como uma obrigação, não como uma ferramenta para melhorar o seu futuro.

A maior parte dos brasileiros não valoriza o estudo, o trabalho, a busca pelo conhecimento, mas mesmo assim querem ter uma boa vida no futuro, sem se preocupar com problemas financeiros. Bem, acontece que não funciona bem assim. Ou você joga na Mega Sena, esperando ficar milionário da noite pro dia, ou se esforça e dá tudo de si por um futuro melhor.

Não podemos culpar a má distribuição de renda no país, porque há espaço para todos demonstrarem seu valor. Mas não, é melhor ficar a mercê de um governo assistencialista do que caminhar com as próprias pernas, afinal. Pelo menos é isso que eu vejo em uma boa parcela do povo brasileiro.

Quando o povo se apoia no governo, a balança de poder se inverte, e o governo fica literalmente com o povo nas mãos. País democrático nenhum vai pra frente quando o povo acha que deve viver às custas do próprio governo.


O brasileiro gosta de ganhar de mão beijada

Esta vive em simbiose com a anterior. A causa é diferente
, porém a consequência é a mesma.

As filas gigantescas em jogos da Mega Sena, ou as confusões generalizadas por um simples e inocente boato de que o Bolsa Família cessaria suas atividades são exemplos que ajudam a provar isso.

O brasileiro acha que entende de tudo

Pergunte a um brasileiro sobre qualquer coisa. Não importa que assunto for, sempre haverá uma opinião formada sobre tudo. Sempre. O brasileiro é muito conhecido por manifestar sua opinião sobre tudo, mesmo quando não sabe nada sobre o que está opinando.

É muito raro ver brasileiros reconhecendo desconhecimento sobre algo quando indagados, mas ter uma opinião é quase como uma regra social, ou você fica de um lado, ou fica do outro, do contrário, é considerado como não civilizado, ou ainda como alguém que fica "em cima do muro". Não existe um "não sei dizer/não tenho conhecimento pra opinar sobre". Sempre existe um "eu acho que", seguido de alguma provável bizarrice.

Exemplo clássico: pessoas da mídia sempre parecem ser capazes de dar sua opinião sobre tudo, mesmo estando evidente que desconhecem a maioria dos assuntos sobre os quais tentam opinar. Pergunte a um surfista famoso sobre o aborto. Ele vai ter sua "opinião" pronta. Pergunte a um músico sobre a origem do universo. Mesma coisa.

Claro, nada impede que um surfista estude questões relacionadas à ética/Biologia do aborto, ou que um músico estude Ciência o suficiente pra ter argumentos consistentes sobre a origem do universo, mas a maioria dos brasileiros simplesmente acha que opinar sobre o que se desconhesse é válido.

Ledo engano.

Nosso país é governado por gente incapacitada porque o povo acha que votar é mais importante do que saber votar. É um exemplo de como conhecer antes de se manifestar é importante para um país como o Brasil.

O brasileiro pensa que trabalho faz um bom cidadão

"Sou trabalhador". Quantas vezes você já não ouviu isso vindo da boca de um bandido alegando inocência, ou de um trombadinha abordado por policiais? Diversas vezes, posso garantir.

Acontece que trabalho, aquele que "dignifica o homem", não é exatamente um sinalizador de bom cidadão. Ora, o trabalho de um traficante é viciar e matar gente em um mercado negro de substâncias ilegais. Muitos policiais trabalham exigindo propina, fazendo vista grossa. Estas pessoas trabalham, mas são cidadãos exemplares? Evidente que não. Há um caminho bastante longo para se associar o trabalho às qualidades humanas.

Antes de ser trabalhador, o cidadão deve carregar honra, dignidade, honestidade, caráter, e outras qualidades dentro de si mesmo. Essa história de que o trabalho dignifica o homem não faz sentido, porque a dignidade vem do homem, não do trabalho. Trabalho nenhum elimina a desonestidade, ou a falta de honra de alguém. Essas qualidades e defeitos vêm da personalidade da pessoa, ela trabalhando duas horas por dia, ou oito.

Outro conceito existente entre os brasileiros com uma pitada de incoerência.


O brasileiro tem complexo de inferioridade

Também conhecido como Complexo de Vira-Lata, é um sentimento típico entre os brasileiros, principalmente entre as pessoas mais jovens. O argumento que sustenta essa idéia é sempre o mesmo: o Brasil vai fracassar em qualquer empreitada que conduzir, não se sabe explicar o porquê, mas a única razão pra isso, é que o Brasil é eternamente subdesenvolvido.

"No Brasil? Nunca vai funcionar", "Se quiser me dar bem, saio do Brasil", "Vai trabalhar com pesquisa no Brasil? Vai passar fome". São exemplos clássicos.
 

Se o país é um reflexo do olhar do seu próprio povo, faz sentido sermos ainda uma nação subdesenvolvida. Ora, o povo não vê (não consegue, ou não quer) o potencial que o Brasil representa em relação a diversas áreas, como pesquisa científica, exploração de recursos, criação de novos produtos, aeronáutica e militaria em geral, enfim, e prefere se sentir inferior, não importa em relação a quê.

Não dá pro país caminhar rumo ao desenvolvimento se o povo prefere se fechar dentro de sua mente diminuta.

O potencial do país é um importante ingrediente para o desenvolvimento, mas a fé do povo em relação a ele é essencial para esse desenvolvimento de fato acontecer.



Enfim, escrevi isso meio que como um desabafo, espero ter sido claro. Manifeste-se nos comentários, opinando, questionando, acrescentando, se assim desejar.



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